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Tratamentos extremos são preventivos?


O caso recente da dupla mastectomia à qual se submeteu a atriz norte-americana Angelina Jolie leva a uma série de reflexões por parte dos profissionais das mais diversas áreas da Saúde. Em primeiro lugar, é preciso deixar claro que o paciente tem o direito de, junto ao seu médico, avaliar todas as possibilidades e de acatar aquela que o deixar mais confortável.

Entretanto, uma medida tão radical deve também ser alvo de muita ponderação e de reflexão. Afinal, comprovadamente, existe hoje uma série de atitudes positivas que ajudam a minimizar – e muito – os riscos de câncer, mesmo após a descoberta de uma mutação genética, como foi o caso da Angelina Jolie.


Mas, como Oncologia não é a minha área de atuação como profissional de Saúde, e sim a Odontologia – mais precisamente a Periodontia e a Implantologia -, as minhas reflexões quando ouço falar em tratamentos extremos, como o da atriz, passam sempre por esse viés.

Até o século passado, a Odontologia também adotava tratamentos extremos como forma de prevenir a evolução de problemas bucais e até mesmo de saúde sistémica do paciente. A extração de todos os dentes, inclusive os saudáveis, era comum em casos de periodontite (inflamação e infecção crônica dos tecidos gengivais e periodontais).


Atualmente, após inúmeras pesquisas e observações de pacientes, é possível dizer que os tratamentos e as medicações alcançaram tal nível de excelência para as doenças peridontais – assim como para o diabetes, as doenças cardíacas e as artrites rematoides, que são patologias intimamente ligadas à doença periodontal – que a extração completa dos dentes já é uma ideia que faz parte do passado como forma de prevenção.


Portanto, sim, é possivel manter as pessoas com os dentes e as gengivas saudáveis, mesmo depois de uma doença grave como a doença periodontal, sem que necessariamente seja preciso recorrer a um tratamento extremo (é claro que sempre cada caso precisa ser avaliado individualmente).

E, acima de tudo, além da evolução nos tratamentos e na medicação, as pesquisas, em todas as áreas da Saúde, avançam cada vez mais no campo da prevenção, identificando atitudes e hábitos que contribuem significativa e decisivamente para se evitar qualquer tipo de doença.


Hoje, em todas as especialidades médicas e odontológicas, as seguintes medidas são essenciais:

  • Visitar seu medico e o seu dentista de 6/6 meses;

  • Adotar métodos de higiene bucal diariamente (3 a 4 vezes por dia);

  • Praticar regularmente exercícios físicos;

  • Manter uma alimentação saudável;

  • Combater o estresse.


Cada vez mais, a ciência tem evoluído no sentido de mostrar que, em termos de saúde, precisamos entender o corpo como um sistema. Os fatores genéticos, sim, contam muito para a propensão a determinadas doenças, mas nossas atitudes, nossos hábitos e estilo de vida podem contribuir significativamente para manter a nossa “máquina” funcionando bem por muitos e muitos anos.

Marlei Bonella, Periodontista e Implantodontista

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